Ciência
Sempre fui fã de ciências, desde criança. Quando ganhei um microscópio aos 10 anos, ficava observando formigas e outros insetos que andavam pela casa, analisava as células que vinham nas lâminas do brinquedo. Achava tudo muito legal. Mas também gostava muito de matemática. Eu tinha uma caixinha registradora, que usava para brincar de lojinha com minha mãe. Fazia os produtos com cartolina, o dinheirinho de papel e vendia a ela. Parcelado e tudo. Com juros, claro. Mas se pagasse a vista, tinha desconto.
Cresci, e acabei estudando Engenharia Química na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). No início, eu não sabia bem o que era o curso, fui descobrindo aos poucos. Levei um choque ao tirar uma nota baixa logo na primeira prova. Mas foi bom, me deixou mais alerta. O curso era bem puxado, exigia muitas horas de dedicação. Mas era bem legal. Ao final, foi uma decisão acertada. Deus me guiou.
Foi na UFRJ onde depois também cursei o mestrado e o doutorado. Anos mais tarde, tive a oportunidade de cursar um pós-doutorado (não é um curso que gera uma titulação, mas sim um estágio em uma área em que se pretende se especializar) no exterior, sendo a maior parte em Portugal e um período mais curto na Dinamarca. Em todas essas etapas, sempre estive trabalhando na área de Sustentabilidade Ambiental e com Biotecnologia.
Para mim, a ciência deve avançar sempre em equilíbrio com a natureza. Usar a energia e a matéria que Deus nos provê todos os dias com abundância, de forma consciente e responsável. Isso é possível.
Ao longo desses anos trabalhando com ciência, meus estudos em sustentabilidade ambiental se pautam em 3 temas:
1. Tecnologias para biorrefinarias:
Significa utilizar biomassas (no meu caso, apenas plantas, mas há quem trabalhe com biomassas de animais também) como matérias-primas para a fabricação de produtos úteis para nossas vidas, como combustíveis e plásticos. Venho trabalhando durante esse tempo mais com o bagaço da cana-de-açúcar, o sabugo do milho, o farelo da soja e as tortas (um sólido obtido por prensagem das polpas) da mamona, do babaçu, da canola e do girassol. Em parceria com muitos cientistas maravilhosos, temos usado essas biomassas para produção de etanol (álcool combustível), de biodiesel, de matérias-primas para plásticos e borrachas e de enzimas (são tipos de proteínas) com diversas aplicações industriais.
2. Tecnologias de reciclagem de plásticos:
Você já deve ter ouvido falar que o descarte inadequado dos plásticos está causando uma poluição gigantesca nos ecossistemas de nosso planeta, correto? Pois é. A cada ano, são mais de 8 bilhões de quilos de lixo plástico jogados ao mar e mais um tanto permanece em terra, a céu aberto. As principais ações que nós, a população em geral, podemos tomar é consumir com consciência (ou seja, apenas o que for realmente necessário) e buscar oportunidades de reutilizar os materiais plásticos, como por exemplo, dando um novo uso a embalagens. Outra ação relevante é a reciclagem dos plásticos. Este processo acontece em indústrias, e meu trabalho como cientista nessa linha contribui para processos de reciclagem mais limpos, que empregam enzimas produzidas por microrganismos, como agentes da transformação dos plásticos. Elas são moléculas biodegradáveis, sendo mais ecológicas para esse processo. Dar um novo uso a materiais antes tratados como lixo é essencial para o futuro de nosso planeta, e representa uma nova forma da economia, chamada de Economia circular. Veja só a diferença:
Uma economia linear funciona assim:
Já uma economia circular funciona assim:
3. Tecnologias de captura de CO2:
Outro sério problema ambiental que nosso planeta enfrenta, este até há mais tempo (lá se vão algumas décadas), é a poluição atmosférica. Os níveis de gases poluentes (como o CO2), que respiramos hoje são os mais altos de toda a história da humanidade! A maior parte desses gases vem de origem antropogênica (ou seja, por ações humanas), através, por exemplo, de queimadas e processos industriais. Reduzir os níveis deles no ar que respiramos é fundamental para a preservação do planeta e de nossa saúde. Minhas atividades como cientistas nesse tema incluem o uso de enzimas (novamente, elas… você vai ler muito sobre elas nesse site…) capazes de capturar as moléculas de CO2 que sairiam em chaminés de indústrias. E sabe o que é o melhor disso? Elas também são moléculas inofensivas à vida, até porque todos os seres vivos possuem essa mesma classe de enzimas. Em nós, humanos, elas são responsáveis pela liberação do CO2 em nossa respiração. Que coisa mais linda é se inspirar no que Deus fez com perfeição para entregar produtos mais sustentáveis à população, não é mesmo?
Uma das práticas mais comuns na vida de um cientista é relatar os avanços de seus estudos através da publicação de artigos científicos. Há professores do ensino superior e pesquisadores muito produtivos que chegam a publicar mais de 30 deles por ano! Isso é fruto do trabalho em equipe de muitos alunos, de parceiros dentro da própria instituição e de outras instituições e de muito, muito esforço e muito investimento. Há pesquisas que já entregam resultado dentro de algumas semanas; já outras, a depender da complexidade do tema, podem levar muitos anos para chegar a uma conclusão. Pesquisa exige investimento continuado, tanto em infraestrutura quanto em capital humano.
No Brasil, uma base de dados muito importante para visualização do currículo de cientistas é a Plataforma Lattes, que é mantida pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Você pode acessá-la em https://lattes.cnpq.br/ e pesquisar pelo nome de algum cientista que conheça, para saber mais de seu trabalho.
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